Saúde Sexual: Adolescentes Transgêneros, como compreendê-los?

15.09.2022

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Saúde Sexual: Adolescentes Transgêneros, como compreendê-los?

15.09.2022


Na adolescência o indivíduo começa a se perguntar quem ele é, do que gosta e o que quer. Na busca por essas respostas, os jovens geralmente se entregam a muitas e diversas experiências, é comum encontrarmos jovens que mudam frequentemente de opinião, de grupo de estilo de roupas, dentre outros. Eles estão experimentando diferentes modelos e formas de ser e viver para, assim, encontrar quem são.
Nesse período o jovem começa a ver o mundo além dos muros de sua casa familiar, eles expandem seus horizontes e deparam-se com mundos novos, seja nos livros, na internet, nas ruas ou mesmo dentro de seu próprio ser (que agora começa a se diferenciar significativamente da forma de ser e pensar de seus pais). Nessa trajetória de autoconhecimento, a identidade de gênero, bem como a orientação sexual, vem se tornando uma questão cada vez mais frequente.
Afinal, o que significa identidade de gênero e indivíduo trans?
Tradicionalmente, a questão de gênero é tratada considerando apenas homens e mulheres cisgêneros (“cis”): indivíduos que nascem com a genitália masculina e se identificam como homens e indivíduos que nascem com a genitália feminina e se identificam como mulheres. Ou seja, cisgêneros são pessoas cuja identidade de gênero corresponde ao gênero que lhe foi atribuído ao nascer a partir de suas características físicas biológicas. E, identidade de gênero é como o indivíduo se reconhece, se vê, se sente e se define – homem ou mulher.
Porém, quando falamos hoje da questão de gênero, estamos ampliando o conceito tradicional já que o mundo contemporâneo vem se tornando cada vez mais inclusivo. Aqui, apresentamos o termo transgêneros (“trans”). A ele definimos como indivíduos que possuem uma identidade de gênero diferente do sexo em que nasceram. Simplificando: o corpo e a mente não estão sintonizados.
Desse modo, uma pessoa que possui o sexo biológico masculino, mas a sua identidade de gênero é feminina, a chamamos de mulher trans. Se alguém que nasce com o sexo biológico feminino, mas a sua identidade de gênero é masculina, ele é chamado de homem trans.
Ressalta-se aqui que alguns indivíduos transexuais buscam procedimentos de redesignação do sexo, incluindo intervenções cirúrgicas e tratamentos hormonais. Nem todos buscam tais medidas, elas não são um requisito para o reconhecimento da identidade de gênero, elas podem ou não fazer parte da transição física de transexuais e transgêneros.
Identidade de gênero e adolescência
Com a internet muitas pessoas têm encontrado respostas para perguntas nunca respondidas. Por isso, não se deve considerar que o adolescente está embarcando em uma modinha ou está se deixando levar por algo que leu. Ele pode simplesmente ter encontrado uma resposta simples para uma batalha interna que nem ele sabia que estava vivendo.
Embora se fale muito na palavra empatia, às vezes, é difícil criar esse ambiente entre os nossos familiares. Então, o primeiro passo para ajudar o adolescente a entender esse processo é escutá-lo, é se colocar no lugar dele, é não o julgar e tentar ser um porto seguro nos momentos de conflito. Se ele não encontrar isso em casa, dificilmente encontrará em outro espaço.
E é fundamental também a empatia para com os familiares que estão tendo que lidar, pela primeira vez e sem “repertorio social”, com a transgeneridade. Social e culturalmente essa é uma questão muito nova no mundo ocidental contemporâneo e geralmente muito desafiadora para a geração dos pais, tios, avôs, professores, patrões etc. dos jovens trans. Lembrando que ter empatia não é concordar com a visão, postura e comportamento do outro, mas entendê-lo a partir do ponto de vista desse outro. Pais e filhos precisam de um espaço para serem ouvidos e acolhidos em seus conflitos e angústias.
É no espaço de escuta empática e não julgadora que podemos entender e conviver melhor com o outro, que às vezes pensa, sente e é muito diferente de nós. Não é um tema fácil, uma interação fácil, uma comunicação fácil. É, antes de tudo, um desafio não só individual e familiar (entre pais e filhos), mas coletivo (das instituições, como escolas e locais de trabalho por exemplo, e dos valores morais sociais).
Importante dizer que a identidade de gênero é uma questão que se apresenta fortemente ao indivíduo na adolescência, mas não é só nessa fase da vida. Estudos apontam que esta questão pode aparecer ao indivíduo em qualquer momento, seja aos dois anos de idade, no final da primeira infância (por volta dos 6 anos), na vida adulta ou na velhice.



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Dr. Gilberto Barreto

Psicólogo | Psicanálise | Sexualidade Humana
CRP 13/9034
CRP 13/9034