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O termo demência vem da origem latina de + mens, que significa literalmente a ausência ou a perda da mente. O médico Aloysius Alzheimer, em 1906, descreveu em um congresso nacional alemão, o primeiro caso da doença diagnosticada em uma paciente atendida por ele em 1901. Apesar do que muito se fala, Demência e Alzheimer não são necessariamente termos sinônimos. A Demência de Alzheimer, apesar de ser o mais frequente, é apenas um tipo entre tantos outros tipos. Não devemos esquecer de nomear os outros tipos, como, Demência de Corpúsculos de Lewy, Demência Frontotemporal, Demência Vascular, etc. Cada um desses diagnósticos com a sua clínica específica e seu tratamento necessário.
A Demência de Alzheimer acomete cerca de 6%-8% dos idosos ? 65 anos. É responsável por 66% de todos os diagnósticos de transtorno cognitivo. A prevalência da doença dobra a cada 5 anos após os 65 anos de idade, sendo que na população ? 85 anos os sintomas estão presentes em mais de 45% da população. Acúmulo de proteínas B-Amilóides e de emaranhados neurofibrilares estão relacionados à progressão da doença em estudos post-mortem. Os dois maiores fatores de risco para o desenvolvimento da doença são a idade e a história familiar da doença, mas também podemos citar alterações genéticas (alelo APOE4), Síndrome de Down, traumatismo craniano, educação formal deficiente e doenças como hipertensão, diabetes, colesterol elevado e obesidade.
A doença costuma evoluir de forma gradual, afeta em seu início a memória episódica recente (capacidade de lembrar de eventos ocorridos nos últimos minutos ou horas). A memória costuma ser o sintoma mais marcante da doença que se inicia onde essas memórias são fixadas, o hipocampo. Outras áreas afetadas inicialmente são a redução do léxico linguístico adquirido durante a vida e a capacidade de saber o caminho para casa e do trabalho, saber que dia, mês e ano estamos por exemplo. Após alguns anos, com a evolução do quadro, a doença passa a afetar outros domínios cognitivos, como a capacidade de realizar cálculos, organizar a vida prática (contas a pagar, tarefas domésticas a realizar etc.), assim como afeta o comportamento ou evoluindo com delírios e alucinações.
O manejo da Demência de Alzheimer é desafiador, pois a doença afeta o paciente e sua família que necessita dispor de cuidados muito específicos. O tratamento envolve treinamento cogntivo do paciente, apoio e educação de familiares no cuidado, atenção com o ambiente para evitar quedas e otimizar a orientação dos pacientes em suas próprias casas, assim como cuidados com a segurança em relação a medicamentos, segurança financeira e a condução de veículos. O tratamento farmacológico é realizado com drogas que aumentam a disponibilidade de acetilcolina, como os Anticolinesterásicos (Donepezila, Rivastigmina e Galantamina) e a Memantina, este com supostos efeitos neuroprotetores. Outras classes de medicamentos podem ser importantes, como os Anti-depressivos e Psicotrópicos.