Autismo e apraxia de fala

07.10.2020

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Autismo e apraxia de fala

07.10.2020

O autismo ou transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por prejuízos na interação social, na comunicação verbal/não verbal e no comportamento, que é restrito e repetitivo. Estatísticas mais recentes apontam que 1 a cada 59 crianças tem algum grau de autismo. O transtorno tem sido mais diagnosticado em meninos e suas origens são genéticas e ambientais.

A apraxia de fala na infância (AFI) é um distúrbio neurológico motor da fala em crianças, resultante do déficit no planejamento e programação dos movimentos necessários para a fala. Na apraxia, a criança sabe o que deseja falar, mas “cérebro e boca” não conseguem se comunicar para que os sons sejam articulados adequadamente. Cerca de uma a duas crianças dentre 1000 podem apresentar a AFI. Algumas características são: o pobre repertório de vogais e consoantes, o aumento de erros em decorrência da quantidade de sílabas das palavras e a prosódia alterada. O diagnóstico é feito, exclusivamente, pelo fonoaudiólogo.

O fato da criança ter autismo não a impede de também apresentar apraxia de fala. A AFI pode se apresentar puro ou estar associado a outros fatores, como a Síndrome de Down, por exemplo. Para que possamos avaliar se uma criança com TEA também apresenta AFI devemos observar se ela revela intenção comunicativa, se faz contato visual, se compartilha atenção, e tem repertório imitativo e compreensivo. Caso a criança apresente esses pré-requisitos, possivelmente, terá associado ao autismo, a apraxia de fala na infância.

A terapia fonoaudiológica é indicada como tratamento e o prognóstico vai depender tanto do grau do autismo quanto da apraxia. O treino motor de fala, a seleção das palavras alvo, a intensidade das sessões e a participação da família são fundamentais para uma boa evolução.

Sabemos que, no autismo, a equipe interdisciplinar participa de todo o processo de intervenção. Na criança autista e apráxica, essa realidade não é diferente. Porém, além da intervenção fonoaudiológica voltada para o desenvolvimento da linguagem, também são realizados treinos motores de fala, objetivando a adequação do planejamento e programação motora afetados. Além disso, outras terapias que visam o aumento no planejamento motor são indicadas para crianças apráxicas, como fisioterapia, psicomotricidade e terapia ocupacional. Tudo vai depender do grau de comprometimento e necessidade da criança. Outras demandas específicas da apraxia de fala também poderão surgir, cabendo a equipe elencar as prioridades dentro do processo terapêutico.

O mais importante é que a criança comece o acompanhamento terapêutico o quanto antes e de forma intensiva, tendo como objetivo a estimulação precoce e a diminuição do “gap” em seu desenvolvimento.

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Dra. Tatianna Wanderley

Fonoaudióloga | | Expertise em Autismo
CRFa 4-7542
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