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"Dr. Luiz Victor Maia Loureiro"

O que esperar da inteligência artificial para os cuidados do paciente com câncer
18.08.2020
Dr. Luiz Victor Maia Loureiro
Nos últimos anos, os termos inteligência artificial e aprendizado de máquina (machine learning) têm sido comuns nos noticiários e, especialmente, entre os diversos avanços importantes da medicina. Tais conceitos ainda são motivos de muita confusão entre o público e também, entre os pacientes, embora, esteja claro que estamos testemunhando uma nova era. Na oncologia, especialidade que trata pacientes com câncer, a maior dúvida é como a inteligência artificial pode impactar na melhora dos resultados e qualidade de vida dos pacientes. Atualmente, as maiores aplicações para o emprego de inteligência artificial ainda estão no campo do diagnóstico do câncer. Alguns programas de computador permitem analisar exames de imagem, entre eles, radiografias, mamografias e tomografias; bem como, materiais resultantes de biópsias. Nessa perspectiva, pesquisadores têm treinado os computadores para distinguir diferentes padrões de imagem e com isso diagnosticar o câncer de forma bastante apurada. Isso, entretanto, não descarta o papel dos médicos patologistas ou radiologistas, mas, sim, reduz o seu excesso de trabalho. O que os estudos têm apontado é que o emprego da inteligência artificial tem permitido uma redução importante dos intervalos para confirmar os diagnósticos, assim como, acesso rápido e prático a esses resultados em lugares onde o acesso ao médico é mais difícil. Imagens e resultados de biópsias não são as únicas áreas nas quais a inteligência artificial tem sido estudada e aplicada. Qualquer tipo de informação pode ser traduzida em padrões computacionais específicos, prevendo resultados cruciais para o paciente com câncer. De fato, novos programas de inteligência artificial têm sido usados para a integração de diversos dados clínicos, patológicos e moleculares do paciente, buscando encontrar melhores e personalizadas alternativas de tratamento. No Brasil, já estão disponíveis, ainda de forma incipiente e boa parte experimental, programas capazes de interpretar os resultados de exames dos pacientes, como também, os dados clínicos (sintomas e sinais ao exame físico) e com isso definir quais são os melhores caminhos em termos de tratamento. Se isto significa melhores resultados, o tempo e os novos estudos ainda precisam responder. Ainda existem múltiplas barreiras para o emprego de inteligência artificial para as pessoas portadoras de câncer. A complexidade da doença impede que uma única escolha de conduta seja capaz de se aplicar a todos eles com as mesmas características. Será, portanto, necessário enriquecer o conhecimento das máquinas, sua capacidade de cálculo e interpretação para que possamos obter melhores desfechos para os pacientes. Adicionalmente, o custo dessas tecnologias ainda é impeditivo para boa parte do planeta, mas os especialistas apontam que, de forma similar à outras tecnologias esses valores só são altos no início e costumam decair com o tempo. Por fim, o papel da inteligência artificial na oncologia ainda não está completamente esclarecido, embora todos aqueles que fazem o cuidado do paciente com câncer estão otimistas e acreditam que com o acesso à essa tecnologia, provavelmente, permitirá que tenhamos mais tempo para interagir e se aproximar deles. A nossa capacidade de comunicação será a chave para permitir que o paciente consiga interpretar os diferentes papeis que a máquina e o ser humano terão no seu cuidado.

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Câncer em um exame de sangue: biópsia líquida
18.08.2020
Dr. Luiz Victor Maia Loureiro
Ser capaz de diagnosticar o câncer ou ainda guiar diferentes terapias para seu tratamento por meio de um simples exame de sangue tem nome: biópsia líquida. Essa estratégia já é uma realidade no tratamento do câncer no Brasil e deverá ganhar maior destaque nos próximos anos. Trata-se de uma ferramenta capaz de identificar fragmentos de material genético relacionados às células tumorais em uma simples amostra de sangue, evitando assim a necessidade de procedimentos invasivos para obtenção de tecidos tumorais. As possibilidades de emprego são inúmeras e a estratégia já é apontada como o “estetoscópio” dos próximos anos. A biópsia líquida já é estudada nos cenários de rastreamento (capaz de identificar pacientes ainda sem sintomas e sob risco de desenvolver um câncer), diagnóstico, controle de tratamento, análise de mutações que podem ser úteis para guiar a terapia e ainda predizer o surgimento de metástases ou o reaparecimento da doença em pacientes que já foram tratados. Apesar das diversas aplicações, a realidade mais frequente no Brasil é o uso da biópsia líquida para a identificação de alterações genéticas do tumor determinando se o paciente pode se beneficiar de terapias específicas. De acordo com as evidências disponíveis, não é possível comparar a biópsia líquida à tecidual, aquela na qual se obtém um fragmento do tumor. Os estudos apontam tratar-se de estratégias distintas e complementares. Hoje, é preciso que o paciente já tenha o diagnóstico de câncer, feito a partir da amostra de tecido tumoral para que possa se beneficiar da biópsia líquida em eventuais mudanças de terapia ou no controle do tratamento. Assim, a conhecida biópsia tecidual continuará tendo seu papel porque é importante classificar o tipo de tumor e ainda é mais fácil investigar diferentes genes ao mesmo tempo no tumor sólido do que através do sangue Junte às diversas possíveis aplicações da biópsia líquida, a possibilidade de ser repetida com maior agilidade e por inúmeras vezes, sem maiores traumas, uma vez que não é invasiva. Isso significa dizer que é possível realizar a biópsia frequentemente ao longo do tratamento e do acompanhamento do paciente. Acredita-se, portanto, que em alguns anos esse será um procedimento tão simples quanto ir a um laboratório e colher um hemograma. Com toda nova tecnologia, surgem questionamentos. Um deles é o custo do procedimento, ainda considerado alto, o que significa dizer que poucos pacientes têm acesso no Brasil. Outra questão vindoura é o impacto no sistema de saúde, uma vez que a frequência do diagnóstico do câncer poderá ser maior. Ainda, existe questionamento ético, como, por exemplo, caso empresas possam solicitar um simples exame de sangue para diagnosticar o câncer e, portanto, selecionar seus candidatos. O desenvolvimento da biópsia líquida será acompanhado à descoberta de novas mutações do câncer e o lançamento de novas terapias. As expectativas, portanto, são grandes para que essa nova estratégia consiga avançar rapidamente e auxilie o adequado diagnóstico e controle da doença.

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Para cada câncer, um tratamento: oncologia de precisão.
18.08.2020
Dr. Luiz Victor Maia Loureiro
Já pensou no tratamento do câncer sem o emprego de quimioterapia? E a possibilidade de usar um remédio específico para cada tipo de câncer? Estas possibilidades já são realidade e fazem parte do que hoje se chama oncologia de precisão. Graças aos extraordinários avanços no entendimento da genética do câncer e, especialmente, nas múltiplas interações do sistema imunológico com a doença, tivemos nos últimos anos a ampliação das possibilidades de tratamento do câncer com o emprego de drogas inteligentes capazes de atuar em “alvos moleculares” específicos de cada tumor e também, mais recentemente, a incorporação da imunoterapia. Somadas, essas novas estratégias têm permitido um controle mais eficaz da doença e mesmo casos em estágios mais avançados têm apresentado excelentes resultados, com menos efeitos colaterais. Falar de oncologia de precisão é conversar sobre a biologia do câncer. É necessário entender que o câncer é uma doença que está em constante transformação. Conceitualmente, o câncer surge quando uma célula qualquer sofre uma mudança em seu código genético e passa a crescer e se multiplicar de forma desordenada. Essas transformações são diversas e geram variados tipos de células o que significa dizer que nem todo câncer é igual. Na prática, câncer são várias doenças que respondem pelo mesmo nome. São essas diferenças que explicam porque tumores de mesma origem se comportam de forma diversa em pessoas diferentes e, adicionalmente, porque alguns pacientes respondem bem às terapias, enquanto outros nem tanto. Sabedores dessas disparidades, os oncologistas alinharam os avanços do conhecimento genético e descobriram que não é mais possível que todos os pacientes com um tipo específico de câncer e estágio recebam o mesmo tratamento. As tecnologias mais recentes são capazes de estudar e mapear os genes das células tumorais e identificar alvos para os quais existem terapias específicas. Em outras palavras, já é possível identificar a fechadura (alvo-molecular) e escolher a chave certa (terapia-alvo). Isso significa dizer que o tratamento é capaz de atuar mais especificamente sobre a célula do tumor e, menos provavelmente, em células sadias. Em última análise, isso aumenta a eficiência do tratamento e reduz os efeitos colaterais. Inúmeras drogas-alvo já foram desenvolvidas e estão disponíveis comercialmente no Brasil, tanto na rede privada quanto na pública. Cânceres de mama, colorretal, rim, pulmão já são largamente tratados com base nos alvos genéticos e moleculares. Para sabermos se o paciente pode se beneficiar dessa estratégia é necessário se certificar que o tumor tem um alvo específico. Isto é normalmente verificado testando uma amostra do tumor obtida por meio de uma biópsia ou durante uma cirurgia. Cada vez mais teremos novos alvos moleculares identificados pela ciência e, portanto, novos medicamentos desenvolvidos capazes de atuar de forma mais eficaz. Saiba, portanto, que é possível se beneficiar de terapias com maior impacto no controle do câncer e que podem ser usadas por longos períodos com efeitos colaterais toleráveis. Já somos, portanto, capazes de tratar o câncer com maior precisão.

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Ter câncer e a importância da segunda opinião médica
18.08.2020
Dr. Luiz Victor Maia Loureiro
O diagnóstico de um câncer modifica a vida do paciente e de sua família. Será necessário lidar não apenas com o susto das primeiras informações, mas, especialmente, tomar decisões sobre seus cuidados que podem impactar diretamente os resultados do tratamento. Um passo fundamental é a escolha do profissional que irá acompanhá- lo durante toda a trajetória: o oncologista. O diagnóstico de um câncer modifica a vida do paciente e de sua família. Será necessário lidar não apenas com o susto das primeiras informações, mas, especialmente, tomar decisões sobre seus cuidados que podem impactar diretamente os resultados do tratamento. Um passo fundamental é a escolha do profissional que irá acompanhá- lo durante toda a trajetória: o oncologista. Na oncologia, é extremamente frequente que o paciente procure diferentes opiniões médicas antes de adotar uma conduta. Essa atitude é sempre recomendável e não fere a relação médico-paciente. Pelo contrário, dá ao paciente e ao especialista escolhido a segurança de que estão tomando as decisões mais acertadas, levando em conta aspectos clínicos, sociais, financeiros e psicológicos. Existem diversas razões pelas quais os pacientes procuram outros profissionais antes de iniciar um tratamento: o paciente tem dúvidas sobre o diagnóstico, deseja conhecer outras opções de tratamento, o convênio médico exige uma segunda opinião, o tratamento escolhido não está levando aos efeitos esperados. É sempre importante lembrar que como medicina não é ciência exata, frequentemente haverão alternativas e opiniões diversas para o mesmo caso. Na oncologia, essas diferentes opiniões raramente são excludentes; mais comumente, elas podem se somar em benefício do paciente. O código de ética médica expressa que a segunda opinião é direito do paciente. Segundo o Art.39, é vedado ao médico opor-se à realização da segunda opinião solicitada pelo paciente ou por seu representante legal. Assim, o bom profissional e, em especial na oncologia, deve aprovar essa conduta de forma a enriquecer as opções de tratamento para o paciente, visando sempre sua cura. É de boa postura ética que o médico que efetue a segunda opinião reconduza o paciente ao primeiro médico, emitindo um relatório ou parecer com seus pontos de vista. Em muitos casos, o paciente reconstrói sua escolha e termina por optar pelo auxílio do novo profissional, considerando aspectos como opções de tratamento ofertadas, gentileza no cuidado, habilidades de comunicação e proximidade de sua residência. Ao paciente, é fundamental reiterar que as segundas, terceiras ou inúmeras opiniões devem ser sempre obtidas de profissionais reconhecidamente capacitados, atuantes, experientes e que possam somar benefícios palpáveis. O paciente deve sempre suspeitar de condutas mirabolantes, promessas incomuns, alternativas fáceis ou abordagens que envolvam custos exacerbados. Nesses casos, a prudência deve imperar e o paciente deve discutir abertamente seus questionamentos e anseios com o especialista escolhido.

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Fake News na Oncologia
18.08.2020
Dr. Luiz Victor Maia Loureiro
Não bastasse o diagnóstico de um câncer já ser um evento impactante para boa parte dos pacientes; estes ainda se veem envoltos de opiniões, sugestões, dicas e testemunhos que, não raro, servem apenas para confundir suas cabeças. No universo da oncologia ou do câncer, existem dois grupos de ´Fake News´. O primeiro são aquelas informações fáceis e de origem duvidosa que propagam medidas para evitar o câncer ou apontam causas mirabolantes para sua gênese. O segundo grupo tem um alvo ainda mais vulnerável: o paciente portador de câncer. Para estes, a internet está repleta de opiniões e soluções “milagrosas” capazes não apenas de trazer alento, mas, em alguns casos, até de curar a doença. Vamos aos fatos. Quem nunca ouviu falar que os micro-ondas, tão úteis em nossas cozinhas, são capazes de provocar câncer? Quem nunca propagou correntes de grupos de mensagens que alertam para os perigos de se usar desodorante antes de dormir? Quem nunca resolveu tomar água, bicarbonato e meio limão espremido todo dia em jejum de manhã porque essa medida é capaz de inibir a formação de células cancerígenas? Bom, sinto desapontá-los, mas nenhuma dessas atitudes têm respaldo científico e, provavelmente, não impactará em nada em suas vidas. São incontestáveis os benefícios da rápida propagação de informações que a internet nos trouxe, mas é fundamental que tenhamos discernimento e busquemos aprofundar nosso saber antes de adotar medidas fúteis. A circulação de mensagens em aplicativos e redes sociais é veloz e costuma exercer rápida influência em quem as lê. Isso é especialmente verdadeiro para os pacientes portadores de câncer, já fragilizados com o diagnóstico e seu tratamento, em uma busca incessante para a cura. Estes são os mais vulneráveis e, não raro, nos deparamos nos consultórios com receitas caseiras e medidas inócuas que podem até trazer desconforto. Constantemente, essas informações têm como origem, amigos, vizinhos, familiares que, na irrefreável vontade de ajudar, terminam por propagar informações inverídicas. O paciente, por sua vez, frágil como está, questiona-se: como não acreditar? Por que esse alguém iria me mandar algo que não fosse verdade? Acreditem, a grande maioria dessas informações não passam de "Fake News". O “Dr.Google” é constantemente questionado sobre sintomas, diagnóstico e tratamento para o câncer. Em que pese, algumas das informações serem relevantes e verdadeiras; um amontoado de dados está disponível para que os pacientes se percam. Nesse sentido, o próprio gigante Google vem adotando medidas, há alguns anos, para verificar as informações que são publicadas e tentar reduzir o número de notícias falsas. Ainda assim, não param de se multiplicar sites e blogs com conteúdos contestáveis. Um dos tipos de fontes de ´Fake News´ mais frequentes são blogs de sobreviventes do câncer. Pacientes que enfrentaram com sucesso a doença, tornam-se ativistas e desavisadamente terminam por propagar falsos conceitos. Assim, é razoável que se lembre que a experiência individual de um paciente não necessariamente serve para os demais. Além disso, novas opções de diagnóstico e terapia surgem a cada dia e apenas o profissional especializado – o oncologista – é capaz de afirmar se uma determinada alternativa se encaixa para o seu caso. Primeiramente, o paciente precisa ser informado de que embora tenha um diagnóstico de câncer, cada câncer é de um tipo, evolui de forma diversa e possui tratamentos diferentes. Assim, conteúdos que são publicados em blogs, sites, correntes de mensagem e mesmo em publicações reconhecidas para o público leigo, como jornais e revistas, não se aplicam necessariamente para um paciente em específico. Uma consequência desses boatos e ´Fake News´ é a adesão a terapias alternativas (sabidamente incapazes de combater a doença) em detrimento dos tratamentos convencionais e estabelecidos. Como na oncologia a comunicação costuma ser pouco trivial entre o oncologista e seu paciente, informando constantemente notíciais difíceis, tentando traduzir os termos técnicos em algo descomplicado, os pacientes costumam fugir desse cenário e buscar alternativas. São conhecidos que trazem informações de produtos naturais, como chás ou ervas, pílulas milagrosas capazes de curar todo tipo de câncer ou qualquer coisa mais fácil do que quimioterapia. Embora o apelo seja fortíssimo, cabe-me lembrá-lo, caro leitor, que desconheço o real benefício de quaisquer alternativas que não tenham se originado em muita pesquisa. Assim, desconfie e discuta suas dúvidas com seu oncologista – único profissional habilitado para dirimir tais ´Fake News´.

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Imunoterapia: esperanças renovadas no tratamento contra o câncer
18.08.2020
Dr. Luiz Victor Maia Loureiro
De tempos em tempos, somos apresentados a novas alternativas para o tratamento do câncer. A arma mais recentemente empregada nessa luta é a imunoterapia. Trata-se de uma maneira de usar nosso próprio sistema imunológico para enfrentar a doença. Há várias décadas, já se conhece a intrincada relação entre a competência de nosso sistema imunológico e a evolução do câncer. A imunoterapia vem sendo utilizada com sucesso para promover a estimulação da imunidade dos pacientes. A primeira geração desse tipo de tratamento era capaz de ativar as células do sistema imunológico por meio da infusão de substâncias comuns ao ser humano, a exemplo de interferons e interleucinas. Embora até hoje empregados, esses representantes costumavam provocar muitos efeitos colaterais e foram paulatinamente substituídos. Os constantes avanços permitiram o surgimento de um novo grupo de imunoterapia que se tornou mais direcionado e específico, portanto, reconhecidamente mais eficaz e tolerável. Esses novos agentes são capazes de romper com as “amarras” do sistema imune e incentivar o organismo a reconhecer e combater as células do câncer. Há ainda alternativas nas quais as células de defesa do paciente são modificadas em laboratório para que possam reconhecer alvos específicos nas células do câncer e, assim, destruí-las. É esta nova geração de imunoterápicos que vem sendo utilizada com extremo sucesso, especialmente, em pacientes com estágios mais avançados de câncer. Novos estudos já começam a apontar seus benefícios também em estágios mais iniciais. Cânceres de rim, pele (melanoma), pulmão, bexiga, cólon e linfomas já apresentam excelentes resultados quando tratados com imunoterapia, com a redução dos tumores e melhora dos sintomas relacionados à doença. Alguns pacientes chegam a experimentar até o desaparecimento da doença por algum tempo. Quando comparada com os tratamentos convencionais, a exemplo da quimioterapia, a imunoterapia costuma ser menos agressiva e apresentar mínimos efeitos colaterais. Assim, a maioria dos pacientes conseguem utilizá-la por longos períodos. Queda de cabelo, fadiga, náuseas e vômitos – comuns em pacientes em uso de quimioterapia – não costumam acontecer durante a imunoterapia. No Brasil, a imunoterapia já está disponível e autorizada para uso pela Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA) e pode ser empregada para vários tipos de câncer, mais comumente, melanoma, pulmão, rim e bexiga. Muitos estudos estão em andamento e as indicações vêm se ampliando rapidamente. Até o momento, entretanto, essa alternativa de tratamento não está disponível na rede pública. Assim, fique atento e pergunte ao seu médico, por que o tratamento do câncer está em constante evolução e as novidades, como a imunoterapia, costumam apresentar elevadas taxas de sucesso com poucos efeitos colaterais.

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Como e por que escolher um oncologista?
20.08.2020
Dr. Luiz Victor Maia Loureiro
Ao receber o diagnóstico de câncer, muitos pacientes veem seu mundo virar de ponta cabeça. Neste momento, ser proativo sobre seus cuidados pode dar-lhe uma maior sensação de controle e esperança. Um dos primeiros passos no combate ao câncer – e talvez, um dos mais importantes – é a escolha de um oncologista. Oncologia é a especialidade da medicina que lida com câncer (neoplasia). Trata-se de uma área abrangente que envolve desde o diagnóstico, tratamento, controle de sintomas até a reabilitação do paciente portador de uma neoplasia. Assim, o oncologista é exatamente aquele profissional qualificado capaz de guiar o paciente nessa jornada. Diversos aspectos são relevantes na escolha de um profissional que conduzirá o paciente em uma trajetória que pode envolver inúmeras demandas. Um deles são as credenciais do oncologista. Saber se o profissional escolhido tem residência médica em algum centro de reputação nacional e reconhecido pelo Ministério da Educação é um dos fatores relevantes que devem ser levados em conta. Essa certificação dá a segurança de que o especialista tem os treinamentos, habilidades e experiência para prover os cuidados adequados em oncologia. Adicionalmente, a certificação de sociedades médicas nacionais e internacionais também corroboram esta segurança. A qualificação de um oncologista não deve se limitar à residência médica. Saber se o especialista escolhido tem formações adicionais, como pós-graduação, experiência em centros internacionais de tratamento do câncer, bem como, participação em estudos clínicos é relevante para o tratamento do paciente com câncer. Os estudos clínicos podem dar aos pacientes acesso a alternativas de tratamento que ainda estão em pesquisa, ofertando, portanto, mais opções terapêuticas. Ademais, o contato com centros nacionais e internacionais de tratamento permite que o paciente tenha disponível, mais facilmente, recursos nem sempre existentes em todo país. Leve em conta também que não só aspectos estritamente técnicos devem ser considerados. Lembre-se que o oncologista será um profissional que acompanhará o paciente frequentemente, então, é importante que o paciente se sinta confortável. Avalie, portanto, a capacidade de comunicação do especialista escolhendo aquele com o qual se sinta à vontade e seguro de conversar e que dê suporte às informações que necessita. Clareza, segurança e gentileza são vitais na comunicação entre o oncologista, e o paciente. Entre as habilidades de comunicação do oncologista deverão estar contempladas: capacidade de explicar detalhes sobre a doença e tratamento, confiança nas informações passadas, respostas a todas as indagações do paciente, sugestão de várias opções de tratamento e levar em conta as preocupações, medos, anseios e preferências do paciente. Não se esqueça que, considerando a importância do diagnóstico recebido, é muito frequente – e importante – que o paciente ouça a opinião de mais de um oncologista sobre suas opções de tratamento. O bom especialista compreende que o paciente deve ter acesso ao maior número de dados e respectivas terapias sobre seu caso e, portanto, não se sentirá preterido quando o paciente decide ouvir outras opiniões. O paciente sempre merece o melhor cuidado possível. Pensar nos detalhes, ajuda a fazer a escolha certa (em muitos casos, familiares e amigos ajudam nessa hora). Considere a localização do profissional: atender perto de sua casa ou em diferentes locais ajuda a ter acesso ao especialista. Avalie e discuta a disponibilidade: ao escolher um médico, é fundamental considerar em quanto tempo é possível agendar uma consulta e, ainda, se o profissional escolhido terá disponibilidade de contato em necessidades mais urgentes. Por fim, tenha em mente que o objetivo do oncologista será sempre tentar a cura do paciente. Para isso, a melhor estratégia de tratamento deve ser oferecida, levando em conta aspectos clínicos, sociais e financeiros. Em condições clínicas adversas, nas quais a possibilidade de cura parece distante, oferecer conforto com a melhora dos sintomas e, consequentemente, a extensão da sobrevida com qualidade dever se tornar o objetivo primário.

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Inovação no Combate ao Câncer
05.10.2020
Dr. Luiz Victor Maia Loureiro
Os cuidados que um paciente com diagnóstico de câncer exige são complexos e, frequentemente, de alto custo. Novas terapias para o combate à doença têm sido lançadas diariamente, abrindo novos horizontes para os pacientes, em incontáveis cenários. De fato, nós temos sido agraciados com diversas inovações em curto espaço de tempo. Observemos o caso das terapias-alvo, que são tratamentos inteligentes capazes de atuar em alvos moleculares específicos para cada tumor. Inúmeras drogas-alvo já foram desenvolvidas e disponibilizadas comercialmente, e esse fenômeno consagrou- -se entre 2009 e 2015, ou seja, há cerca de 6 anos. A título de comparação, a quimioterapia convencional, como boa parte que nós conhecemos hoje, levou mais de 30 anos para ser desenvolvida e solidificada como alternativa eficaz de tratamento. Agora, muitos pacientes têm recebido imunoterapia. Esses novos agentes são capazes de romper as amarras do sistema imune e de incentivar o próprio organismo a combater as células cancerígenas. Incrivelmente, esta modalidade de terapia levou cerca de 3 anos entre os primeiros estudos e a comercialização em larga escala. No entanto, tudo tem seu preço. À medida que novas drogas chegam ao mercado, os custos são progressivamente maiores – dificultando o acesso para muitos pacientes – e os efeitos colaterais nem sempre são menos agressivos. É assim que a inovação funciona: o novo é sempre mais difícil no começo e, com o tempo, somos capazes de refinar seu uso e o transformá-lo em padrão. É dessa forma que, nos últimos 50 anos, a nossa capacidade de compreensão da biologia do câncer, em conjunto com as habilidades em tratá-lo mudaram por completo, tornaram-se mais efetivas e, em geral, menos punitivas para os pacientes. Hoje, muito do que antes era considerado sem solução, agora temos alternativas de tratamento eficazes e, geralmente, capazes de levar à cura. Esses ganhos foram árduos, e cada batalha vencida exigiu esforços imensuráveis. Foi assim que começamos a virar o jogo contra a doença, ainda que a briga esteja longe de acabar. Nenhuma inovação é válida até que o paciente tenha acesso ou seja beneficiado. Portanto, o próximo passo, após qualquer descoberta, é garantir que todos os profissionais envolvidos no cuidado do paciente estejam adequadamente treinados para incorporar as mudanças na sua prática diária. E isso pode ser desafiador. São múltiplos os fatores que podem atrapalhar a implementação de inovações na oncologia, desde o custo até a qualificação dos profissionais envolvidos. Leve em conta, ainda, que não só aspectos estritamente técnicos que podem impactar a incorporação de novidades, mas barreiras culturais e sociais também são importantes. Entretanto, quem pensa que os grandes avanços nos tratamentos foram os únicos responsáveis pela contínua melhora dos resultados, ao longo dos últimos anos, está completamente enganado. Estamos aprendendo que, muito além dessas novidades, existe uma mudança que impactou muito positivamente a chance de cura e a qualidade de vida dos pacientes, muitas vezes, até mais simples que aparelhos de altíssima tecnologia e terapias de elevado custo: a integração. A integração, no cuidado do paciente com câncer, é talvez a medida de maior inovação das últimas décadas. Foi preciso muito esforço conjunto e a quebra de grandes paradigmas, para que a medicina fosse capaz de compreender que o cuidar de um paciente com diagnóstico de câncer exige o esforço e a sabedoria de diversos profissionais. Isso vai muito além da multidisciplinaridade, com o apoio de nutricionistas, enfermeiros, farmacêuticos, psicólogos e fisioterapeutas; mas, particularmente, é a integração real entre diversas disciplinas (interdisciplinaridade), estando perto umas das outras, sendo capazes de discutir caso a caso e de entender que cada paciente é único e demanda um tratamento particular. Portanto, nos dias de hoje, não mais se admite que o paciente com câncer seja abordado de forma fragmentada por diferentes especialistas. Essa nova abordagem ao paciente fez mudar completamente a sua jornada. O caminho que ele percorre desde o diagnóstico até seu tratamento e consequente reabilitação precisou ser encurtado, para que, assim, pudéssemos conseguir melhores resultados. Apesar desse entendimento, hoje, para muitos pacientes um dos entraves iniciais na sua história é a fragmentação do atendimento. Não raro, aqueles pacientes recentemente diagnosticados com um câncer são obrigados a se consultar com múltiplos profissionais em diferentes endereços. Cada exame é realizado em um serviço diferente, com resultados que levam tempos variados, e depois são interpretados por médicos também em locais diversos. Essa difícil logística e constante deslocamento determina um tempo, cada vez maior, alargado para que o paciente possa confirmar seu diagnóstico e, especialmente, iniciar seu tratamento. Já está claro que o pilar de mudança nessa difícil jornada é contar com centros que compreendam toda a estrutura capaz de diagnosticar prontamente, iniciar tratamento – seja cirurgia, quimioterapia ou radioterapia – e reabilitar o paciente. Desse modo, a inovação caminha no sentido de aglutinar todas as demandas de um paciente – do seu diagnóstico ao tratamento – em um único lugar, reduzindo, sobremaneira, o tempo e aumentando as chances de cura e sobrevida. Outro aspecto que parece ganhar mais relevância é que inovamos também na frequência e na profundidade com as quais conversamos sobre o câncer. Envolto em tabus, o diagnóstico de um câncer modifica a vida do paciente e de sua família, sendo necessário lidar, não apenas com o susto das primeiras informações, mas especialmente, com a tomada de decisões sobre os cuidados que podem impactar direta- mente os resultados do tratamento. Embora a rápida propagação de in- formações que a internet nos trouxe tenha demonstrado incontestáveis benefícios, ainda é fundamental que tenhamos discernimento e busquemos aprofundar nosso saber, antes de adotar medidas que podem ser prejudiciais. Por isso, falar sobre câncer e desmistificá-lo, utilizando as mídias convencionais, como tele- visão e jornais, e, especialmente, as redes sociais foi (e continua sendo) uma forma de inovar porque permite que a população seja adequadamente informada e realize exames de rastreamento e diagnóstico precoce, bem como permite que os pacientes possam ter acesso a in- formações relevantes para tomada de decisões e seu cuidado. Então, a mensagem é que continuamos buscando incessantemente novidades para que possamos reavaliar frequentemente o que fazemos e sejamos capazes de entregar ao paciente a melhor experiência possível no seu tratamento. INVESTIGAÇÃO E DIAGNÓSTICO DO CÂNCER Segundo o DR. BRUNO BRITO, novas tecnologias têm sido implementadas, para aumentar a capacidade de diagnosticar o câncer, ainda nas fases em que os tumores não podem ser detectados por exames de imagem, tais como tomografias e ressonâncias. Essas inovações, ainda experimentais, são capazes de reconhecer a doença anos antes do aparecimento dos primeiros sintomas. Ainda mais recentemente, por meio de biópsias líquidas – método capaz de diagnosticar o câncer e ainda de guiar diferentes terapias para seu tratamento, por meio de um simples exame de sangue – já é possível diagnosticar a doença sem precisar de procedimentos invasivos. As tecnologias mais novas também permitem o aprofundamento sobre as características do tumor e a definição do estadiamento (momento em que definimos se o tumor está localizado em um órgão ou está mais avançado) de forma mais acurada, afirma o profissional. TRATAMENTO Novas terapias, cada vez mais eficazes, surgem a cada dia, comenta a oncologista DRA. MARIANA CARTAXO. Hoje, é possível analisar o código genético do tumor e identificar alterações que podem ser úteis para tratamentos específicos, mais efetivos e menos tóxicos. Além disso, os tratamentos evoluíram também para permitir que doenças mais precoces e localizadas possam beneficiar-se de tratamentos locais, como cirurgias, radioterapia e ablações, sem que o paciente precise de opções sistémicas, ou seja, aquelas que se estendem por todo o organismo, como a quimioterapia. REABILITAÇÃO E ACOMPANHAMENTO A integração da equipe é uma inovação trazida de grandes centros e que beneficia de sobremaneira todos os pacientes, mesmo aqueles com doença muito inicial, para os quais os cuidados podem ser menos intensos. Esta interdisciplinaridade é uma inovação que leva ao paciente maior chance de reabilitação, vivendo como se o câncer nunca tivesse sido diagnosticado. “O momento após o tratamento é fundamental para o paciente, pois constitui uma nova etapa de vida”, explica o DR. LUIZ VICTOR MAIA LOUREIRO. Não existe um número mágico a partir do qual podemos afirmar categoricamente que o paciente esteja curado, mas é muito provável que, após cinco anos sem evidências da doença, o risco do seu retorno (a chamada recidiva) seja muito baixo.

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