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"Dr. Felipe Rocha"
Obesidade Mórbida: A que técnica cirúrgica devo me submeter e por quê?
29.07.2020
Dr. Felipe Antônio Rocha de Almeida
Antes de falarmos sobre a escolha da técnica cirúrgica para cada paciente, é preciso relembrar alguns conceitos já bem definidos:
1. Quem deve ser operado com Obesidade? A resposta é: unicamente, pacientes com Obesidade Mórbida, diagnosticados e avaliados por médicos especialistas e equipe multidisciplinar.
2. Quais pacientes, mesmo com diagnóstico de Obesidade Mórbida, não devem ser operados?
• Pacientes com diagnóstico de doença mental descompensada;
• Pacientes em uso de drogas ilícitas ou álcool;
• Pacientes com contraindicação à anestesia geral;
• Pacientes menores de 16 ou maiores de 76 anos.
Atualmente existem duas principais técnicas de Gastroplastia para Obesidade Mórbida, recomendadas e regulamentadas pelo Conselho Federal de Medicina e Sociedade de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.
1. By Pass Gástrico: Cirurgia de redução do estômago e desvio do trânsito alimentar e da bile pelo intestino delgado.
2. Sleeve ou Gastrectomia Vertical: Redução do estômago a cerca de 40% do seu tamanho original com retirada de cerca de 60% do mesmo; promove efeito significativo de redução do apetite e fome, e preserva o trânsito do alimento pelo intestino delgado.
Ambas as técnicas correspondem atualmente a 60-70% e 30-40% respectivamente, das cirurgias de Gastroplastias realizadas no Brasil, com tendência crescente desta última. Então, dada a quantidade de informações atualmente disponíveis e ao contato com outros pacientes, se torna inevitável a seguinte dúvida: qual cirurgia será melhor para mim, Sleeve ou ByPass? Esta é hoje, uma pergunta frequente dos pacientes no consultório do especialista.
A seleção da técnica depende principalmente de aspectos clínicos do paciente associados à Obesidade e avaliados em conjunto com o IMC (relação entre o peso e a altura em m2). Entre estes fatores, os mais importantes são: 1. Nível do IMC; 2. Doenças associadas a Obesidade, principalmente o Diabetes e a Doença do Refluxo Gastroesofágico; 3. Idade; 4. Pacientes com necessidade do uso contínuo de medicamentos como antirretrovirais, corticoides entre outros; 5. Presença de doenças que afetam o intestino; 6. Antecedente de Câncer do Aparelho Digestivo.
Dentro deste contexto está também a Cirurgia Metabólica que consiste em procedimentos cirúrgicos sobre o Aparelho Digestivo produzindo, em última análise, estímulo ao pâncreas na produção e liberação de insulina (hormônio que controla a glicose no sangue), auxiliando no controle do Diabetes. Esta cirurgia representa um significativo avanço no tratamento do Diabetes associado à Obesidade.
Após uma criteriosa avaliação clínica por profissionais especializados no tratamento da obesidade e informação adequada e completa sobre vantagens e desvantagens potenciais de cada técnica e suas possíveis complicações, pode-se chegar à conclusão sobre a escolha da técnica de Gastroplastia a ser indicada.
Deve o paciente estar consciente de que o conceito mais adequado em relação ao tratamento da Obesidade Mórbida é o de programa de obesidade que envolve a Cirurgia Bariátrica e/ou Metabólica mais reeducação comportamental e alimentar, bem como atividade física regular.
Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE): Atualizações e Quando Operar
05.10.2020
Dr. Felipe Antônio Rocha de Almeida
A DRGE é uma das enfermidades mais frequentes no consultório do Gastroenterologista e do Cirurgião do Aparelho Digestivo.
O refluxo Gastroesofágico é o retorno do conteúdo do estômago para o esôfago. Este pode ser fisiológico e principalmente durante o sono, por conta do relaxamento do músculo que controla o refluxo na região do esôfago, ocorrendo episódios isolados e controlados deste refluxo.
A DRGE acontece quando o refluxo é patológico, ocorrendo em uma frequência ou quantidade maior que a normal, causando uma reação na região do esôfago, com ou sem inflamação e surgimento de alguns sintomas.
O que causa esse refluxo patológico e a DRGE?
1. A hérnia de hiato, que significa a passagem de parte do estômago para a região acima do abdome. Quando essa hérnia assume proporções moderadas, frequentemente causa o refluxo patológico.
2. Obesidade e acúmulo de gordura na região superior do abdome também alteram a chamada barreira anatômica normal contra o refluxo gastroesofágico.
3. Hipersensibilidade esofágica, que é um fenômeno descrito há pouco tempo, devido ao qual o revestimento interno do esôfago se torna hipersensível ao ácido refluído e causa uma condição chamada de pirose funcional. Acha-se que tal situação está relacionada a fatores psicogênicos.
Quais são os sintomas da DRGE?
1. Típicos: azia e pirose (queimor na região do estômago e retroesternal), regurgitação (sensação desagradável de retorno de um líquido ácido, às vezes até a boca) e dor torácica. Às vezes, a dor torácica se confunde com a dor de origem cardíaca nas urgências.
2. Atípicos: sintomas extra-esofágicos, como tosse seca, pigarro, rouquidão, sensação de sufocação noturna ou de bolo na garganta (globus). Esses sintomas frequentemente fazem o paciente procurar outros profissionais como otorrino e pneumologista.
Que exames são necessários para avaliar o paciente com suspeita clínica de DRGE?
Endoscopia Digestiva Alta e exames mais complexos como Ph-metria e Manometria Esofágicas, quando necessários.
A DRGE pode desenvolver complicações?
Sim, tais como úlcera do esôfago, estreitamento da parte distal deste órgão (estenose) e o esôfago de Barret. Este último é uma condição em que há uma modificação do epitélio de revestimento interno do esôfago para outro semelhante ao do estômago, ou seja, uma metaplasia intestinal.
Como deve ser o tratamento da DRGE?
Em cerca de 80 a 90% dos casos, o tratamento se faz com medicamentos e com a mudança do estilo de vida adicionado à dieta. É importante o tratamento de transtornos psicológicos, como ansiedade e depressão, e da obesidade, quando associados.
Quando a Cirurgia pode ser o tratamento?
1. Em cerca de 10 a 20% dos casos, pode haver necessidade da cirurgia antirrefluxo, feita por videolaparoscopia. Esta tem indicação quando, por exemplo, há uma hérnia de hiato, de moderada a volumosa, associada a refluxo.
2. Nos casos de obesidade mórbida, em que a Cirurgia Bariátrica se propõe a tratar também a doença do refluxo gastroesofágico, com bons resultados em termos de resolução clínica dessa complicação. A escolha da técnica, se Sleeve ou Bypass gástrico, dependerá da avalição criteriosa por parte do cirurgião.
Patologia Biliar Litiásica: que é, quais as complicações e o tratamento
31.03.2021
Dr. Felipe Antônio Rocha de Almeida
A Doença Biliar Litiásica pode ser definida como a presença de cálculos (pedras) na vesícula biliar e/ ou no colédoco (canal biliar).
É uma doença muito comum em todo o mundo, tendo maior incidência no sexo feminino.
Quais os principais sintomas?
A cólica biliar é o sintoma típico do cálculo da vesícula biliar, caracteriza-se por uma dor no abdômen superior, à direita, após ingestão de gorduras, às vezes, com irradiação para o dorso. Outros sintomas, como empachamento, boca amarga e diarreia também podem estar relacionados ao cálculo da vesícula.
Como suspeitar da Coledocolitíase (pedra no canal da bile)?
Nesse caso, a dor tende a ser mais intensa e a se associar a vômitos frequentes ou a dor no dorso. A icterícia (cor amarelada dos olhos) e a urina escura podem fazer parte do quadro também, bem como, quando o paciente tem cálculo na vesícula associado a alteração das enzimas hepáticas ou bilirrubinas (através de simples exames laboratoriais).
Como diagnosticar o cálculo de vesícula e/ou do canal biliar?
A ultrassonografia de abdômen é o exame de escolha para o diagnóstico do cálculo de vesícula. A Ressonância dos canais da bile é o exame de escolha para o diagnóstico da coledocolitíase.
Quais as possíveis consequências do cálculo biliar?
O cálculo biliar pode causar inflamação aguda da vesícula, e suas complicações, como migração para o canal biliar e pancreatite aguda (inflamação aguda do pâncreas), em 20% dos casos, pode ser grave.
Quais os pacientes que apresentam maior risco de complicações?
Diabéticos e pacientes com doenças que causam diminuição da imunidade.
Que fazer diante do diagnóstico dessas doenças?
A Colelitíase (cálculo de vesícula biliar) deve ser tratada por meio da Colecistectomia (retirada da vesícula por Videolaparoscopia (cirurgia com pequenos cortes no abdômen). A coledocolitíase pode ser tratada por remoção endoscópica dos cálculos ou por cirurgia por Videolaparoscopia. A decisão do método terapêutico deve ser do cirurgião, de acordo com as características da doença em cada caso.
A Videolaparoscopia é o grande avanço no tratamento dessas patologias, pois, além da segurança, permite rápida recuperação e retorno às atividades.
Endometriose Intestinal: Quando suspeitar e como deve ser abordada.
29.12.2020
Dr. Felipe Antônio Rocha de Almeida
A Endometriose é uma doença crônica, cuja causa não é totalmente conhecida, em que há implantações de células do endométrio (a camada mais interna do útero) fora da cavidade uterina.
O que seria, então, Endometriose Intestinal?
Quanto a Endometriose infiltra a parede do intestino (camada muscula); sua incidência vária entre 3,6% a 37%. As regiões mais acometidas são o reto e o cólon sigmoide (porções mais distais do intestino grosso), que representam 73% dos casos, seguida do apêndice cecal e do intestino delgado. Talvez a razão para isso seja a proximidade anatômica do reto e com a região entre o útero e a vagina. Na maioria das vezes, essa doença é multifocal, pelo fato de acometer também órgãos pélvicos: peritônio, ovários e trompas.
O que fazer quando suspeitar clinicamente da Endometriose Intestinal?
Existem cinco pontos cardinais da Endometriose: dor pélvica crônica (cólicas menstruais exacerbadas e mesmo fora do período menstrual); infertilidade; fluxo menstrual aumentado; dispareunia (dor durante a relação sexual); sintomas que chama a atenção para o diagnóstico da Endometriose retal: dor no reto e dificuldade para evacuar, durante o período menstrual.
O que fazer diante da suspeita clínica?
Após avaliação minuciosa do Ginecologista, com experiência em Endometriose, a Ressonância de pelve e a Ultrassom de mapeamento para Endometriose são os principais exames.
Como deve ser o tratamento da Endometriose Intestinal?
O tratamento racional deve ser norteado por uma avaliação criteriosa dos sintomas do paciente e dos achados nos exames de imagens citados, por equipe multidisciplinar de Ginecologista e de Cirurgião do Aparelho Digestivo. O tratamento pode ser clínico medicamentoso e, em casos selecionados, como o tratamento das lesões no intestino, a videolaparoscopia é o método indicado. Através dessa técnica é possível o tratamento com sucesso, tanto da doença no intestino como nos órgãos pélvicos associados, além de também auxiliar no diagnóstico da doença.
Como deve ser conduzido o paciente após a cirurgia?
O seguimento deve ser por toda a vida do paciente, pois se trata de uma doença crônica e de causa multifatorial. O seguimento deve incluir avaliações periódicas do Ginecologista e do Cirurgião, bem como planejamento nutricional e tratamento de eventuais transtornos psíquicos, como ansiedade e depressão. A fisioterapia anorretal também é importante neste contexto. Em resumo, a Endometriose profunda é doença, atualmente, muito prevalente em nosso meio, de causa ainda desconhecida, apresenta evolução crônica e cuja abordagem e tratamento devem ser multidisciplinares para o resto da vida, visando ao adequado controle da doença e à melhora da qualidade de vida das pacientes.