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"Dra. Tatianna Wanderley"
A importância da fonoaudiologia no autismo
07.10.2020
Dra Tatianna Wanderley
O TEA (Transtorno do Espectro Autista) é um transtorno neurológico que afeta a interação social, a comunicação e o comportamento. Sabe-se que no TEA, as crianças podem apresentar movimentos repetitivos (esteriotipias) e interesse restrito (hiperfoco). Nos Estados Unidos, de acordo com o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças), 1 em cada 59 crianças é autista.
Dentre as terapias indicadas estão a fonoaudiologia, a psicologia, a terapia ocupacional, a psicopedagogia, a psicomotricidade, a fisioterapia, entre outros. Além do acompanhamento neuropediátrico, psiquiátrico e nutricional. Ou seja, as crianças necessitam de acompanhamento interdisciplinar, visto que as demandas do TEA envolvem todas as áreas do desenvolvimento infantil, que incluem desde o planejamento motor, o comportamento, a aprendizagem, a socialização e a comunicação.
Na prática, o que percebemos é que as famílias procuram inicialmente o fonoaudiólogo devido ao atraso de linguagem apresentado pela criança logo nos seus primeiros meses de vida. Em geral, os pais percebem um bebê muito silencioso, ou com fala restrita. Algumas vezes, até começam a falar, mas não evoluem ou regridem no repertório que possuem.
Nas crianças com TEA, muitos pré-requisitos para que a fala erupcione funcionalmente estão afetados, entre eles: o contato visual, a atenção compartilhada e a imitação. A falha nesse “alicerce”, prejudica consideravelmente a comunicação da criança com o meio, acometendo sua socialização, podendo gerar sentimentos de frustração, e, consequentemente, a potencialização de comportamentos inadequados.
É importante ressaltar que toda a equipe envolvida no acompanhamento tem papel fundamental no desenvolvimento das capacidades afetadas pelo transtorno. De “mãos dadas” a equipe impulsiona a criança a alcançar seu pleno desenvolvimento.
As crianças com autismo podem apresentar comunicação verbal (quando falam) e não verbal (quando usam alguma estratégia para “se fazer entender!”). Temos que observar também se ela apresenta alguma comorbidade associada ao autismo, como por exemplo, a apraxia de fala.
A terapia fonoaudiológica é individualizada e usa de inúmeras ferramentas para desenvolver as habilidades afetadas pelo autismo. Cada criança é única e a conduta a ser priorizada vai de acordo com suas potencialidades e dificuldades. O que se almeja na terapia é que sejam oferecidos à criança todos os recursos necessários para que sua comunicação plena seja alcançada.
Muitas crianças com autismo, em especial as com maior grau do transtorno, são não verbais e, para elas, devem ser elaboradas estratégias de comunicação alternativa, no sentido de lhes possibilitar um canal de troca com o meio. O pecs (sistema de comunicação alternativa aumentativa) é um exemplo de grande eficácia na comunicação delas.
As crianças com autismo apresentam inúmeros potencias e “portas” para que possamos ter acesso ao seu desenvolvimento. Basta que saibamos ser a “chave” correta para a abertura. A principal delas é o afeto e a confiança.
Autismo e apraxia de fala
07.10.2020
Dra Tatianna Wanderley
O autismo ou transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por prejuízos na interação social, na comunicação verbal/não verbal e no comportamento, que é restrito e repetitivo. Estatísticas mais recentes apontam que 1 a cada 59 crianças tem algum grau de autismo. O transtorno tem sido mais diagnosticado em meninos e suas origens são genéticas e ambientais.
A apraxia de fala na infância (AFI) é um distúrbio neurológico motor da fala em crianças, resultante do déficit no planejamento e programação dos movimentos necessários para a fala. Na apraxia, a criança sabe o que deseja falar, mas “cérebro e boca” não conseguem se comunicar para que os sons sejam articulados adequadamente. Cerca de uma a duas crianças dentre 1000 podem apresentar a AFI. Algumas características são: o pobre repertório de vogais e consoantes, o aumento de erros em decorrência da quantidade de sílabas das palavras e a prosódia alterada. O diagnóstico é feito, exclusivamente, pelo fonoaudiólogo.
O fato da criança ter autismo não a impede de também apresentar apraxia de fala. A AFI pode se apresentar puro ou estar associado a outros fatores, como a Síndrome de Down, por exemplo. Para que possamos avaliar se uma criança com TEA também apresenta AFI devemos observar se ela revela intenção comunicativa, se faz contato visual, se compartilha atenção, e tem repertório imitativo e compreensivo. Caso a criança apresente esses pré-requisitos, possivelmente, terá associado ao autismo, a apraxia de fala na infância.
A terapia fonoaudiológica é indicada como tratamento e o prognóstico vai depender tanto do grau do autismo quanto da apraxia. O treino motor de fala, a seleção das palavras alvo, a intensidade das sessões e a participação da família são fundamentais para uma boa evolução.
Sabemos que, no autismo, a equipe interdisciplinar participa de todo o processo de intervenção. Na criança autista e apráxica, essa realidade não é diferente. Porém, além da intervenção fonoaudiológica voltada para o desenvolvimento da linguagem, também são realizados treinos motores de fala, objetivando a adequação do planejamento e programação motora afetados. Além disso, outras terapias que visam o aumento no planejamento motor são indicadas para crianças apráxicas, como fisioterapia, psicomotricidade e terapia ocupacional. Tudo vai depender do grau de comprometimento e necessidade da criança. Outras demandas específicas da apraxia de fala também poderão surgir, cabendo a equipe elencar as prioridades dentro do processo terapêutico.
O mais importante é que a criança comece o acompanhamento terapêutico o quanto antes e de forma intensiva, tendo como objetivo a estimulação precoce e a diminuição do “gap” em seu desenvolvimento.
Autismo e o modelo denver
07.10.2020
Dra Tatianna Wanderley
O transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é um transtorno do desenvolvimento que traz consigo comprometimentos na comunicação, na interação social, movimentos repetitivos e interesses restritos.
Esses sinais podem estar presentes com maior ou menor intensidade, dependendo do grau do TEA. As causas do Autismo estão associadas às questões genéticas e ambientais e a incidência é de 1 para cada 59 crianças, de acordo com o CDC (Centro de Prevenção de Doenças) dos EUA.
Cada dia mais, o Autismo vem sendo estudado em todo o mundo, visto que o número de casos aumentou de forma significativa nos últimos anos. Diante desses estudos, muitas abordagens terapêuticas foram validadas cientificamente por sua eficiência dentro do processo de desenvolvimento das crianças. Entre elas estão: a Análise do Comportamento Aplicada (ABA), o modelo DIR/Floortime e o modelo Denver de Intervenção Precoce.
O modelo Denver de Intervenção Precoce se aplica a crianças de 1 a 5 anos e tem como objetivo desenvolver a reciprocidade através de atividades de jogo, favorecendo o desenvolvimento amplo e pleno das crianças nas diversas esferas. No Denver, segue-se a liderança da criança, conquista-se uma relação de afeto e cumplicidade, prioriza-se a parceira de jogo e a atenção compartilhada, valida-se todas as tentativas da criança e suas iniciativas comunicativas.
O programa de intervenção se baseia a partir de uma avaliação inicial onde é aplicado um “check list” para observar as áreas que estão atrasadas e traçar as metas para que toda a equipe esteja integrada, além dos pais e dos membros da escola. Os níveis do “check list” variam do 1 ao 4 e são estabelecidos por idade. Neles são observados aspectos como: comunicação expressiva e receptiva, imitação, motricidade grossa e fina, independência em AVDs (atividades de vida diária), comportamento, cognição, socialização, entre outros. Os pais são orientados a como estimular seus filhos em casa e, por isso, as terapias devem ser aplicadas no consultório e em casa.
Os níveis de suporte (ajuda) vão sempre do menos para o mais (“least to most”), ou seja, a criança tem espaço para realizar de forma independente a atividade, caso não consiga, os níveis de suporte vão aumentando. As atividades são organizadas a partir da abertura, tema, variação e fechamento, sempre com a criança motivada (o reforço é a própria atividade).
O Denver, assim como todos os modelos terapêuticos aplicados nos casos de TEA, deve ser intensivo e frequente com, no mínimo 3 horas diárias de aplicação. Trata-se de um modelo que mescla atividades estruturadas com rotinas sensório sociais. Em 2012 foi apontado como uma das maiores descobertas na área médica pala Revista Time.
Como organizar sua casa para estimular seu filho
01.10.2020
Dra Tatianna Wanderley
A equipe de profissionais da Fono com Amor preparou com muito cuidado e carinho um breve manual com dicas e sugestões para auxiliar no desenvolvimento do seu filho durante o período de quarentena. Você pode conferir abaixo
VARANDA
Organize sua varanda de forma que ela tenha algumas plantinhas com cores e cheiros (tomatinhos cereja, manjericão, hortelã, coentro...)!!! Aproveite para plantar algumas sementinhas com seu filho, plantando e regando juntos, sentindo a textura da terra, cavando com as mãos; esperando a plantinha crescer, sempre conversando e chamando a atenção da criança; nomeando as cores, os cheiros, oferecendo, comendo, semeando!!!!
SALA
Exponha seu filho há uma hora de música por dia, cantado junto, olhando para ele, dançando, rodando, pulando! Aproveite para semear a parceria e o afeto; deixe o controle da tv no alto para oportunizar os pedidos (sejam verbais ou não verbais – lembrar de falar sempre o nome do item);
brincar de pular no sofá (deixe os olhos do seu filho no mesmo nível e altura dos seus!); role no tapete (contando 1, 2, 3 e ... espere 5 segundos, se ele não falar “já!”, daí você fala e rolam juntos); não se preocupe com a arrumação da casa, preocupe-se com o desenvolvimento do seu filho e de como essas atitudes podem ajudá-lo!!!
QUARTO DA CRIANÇA
Cama com lençóis dos super-heróis e/ou princesas preferidas, aproveitar e contar estorinhas na hora de dormir; conte para ele, mude o tom de voz, faz caretas, e peça que ele conte para você também; uma cabaninha é muito bem vinda, para simular a própria casa ou um acampamento, fazer comidinhas, se esconder (focar no achou!!!); lembrar de conversar sempre com a criança sobre o que vocês irão fazer e sobre o que estão fazendo; Brincar com as bonecas/bonecos, colocar para dormir, para lutar, fazer muitos sons, esperar que ele inicie a brincadeira ou o próximo passo!
QUARTO DOS PAIS
Na cama dos pais, brincar de cócegas (afeto e olhar), de pula-pula na cama, de cabaninha com lençol (focar no achou! e no contato visual); de se esconder embaixo da cama; aproveitar e deixar sempre em algum lugar mais alto algum brinquedo de interesse da criança, para que, quando ela o veja, aponte ou solicite (lembrar de dar o modelo – dizer o nome do item!). Abrace seu filho, beije muito, diga que ama e que sempre estará com ele. O quarto dos pais é um lugar que passa segurança para a criança!
SALA DE JANTAR
Na mesa da sala fazer atividades de pintar (desenhos do que a criança mais gosta), usar tintas, pincéis, lápis grossos e finos; usar jogos (memória, lince), massinhas; Fazer bolinhas de sabão, focando na troca de olhares, no 1,2,3 e ... já, nas caretas, nas entonações, na troca dos olhares...
COZINHA
Deixar que a criança participe da produção dos alimentos, de forma segura claro! Deixar que coloque a banana no liquidificador para fazer sua vitamina, que amasse a massa do bolo ou biscoito; que esfarele as bolachas da sobremesa (que sinta, que toque, que cheire, que coma!). Estimular a criança a arrumar a mesa com a mamãe/papai, a varrer algum cômodo, a forrar a cama (sempre juntos, chamam do, deixando a relação criança/família mais intima e parceira); Faça gelatina com seu filho, de várias cores. Depois de pronta, deixe que ele sinta a temperatura, o sabor e a textura. Você pode também, esconder algo dentro da gelatina e depois brincar de achar! Uma forma lúdica de estimular diversos sensações em seu filho!
BANHEIRO
Colar, junto com seu filho, adesivos no box do banheiro e nas paredes (animais, meios de transportes, personagens...); estimular as AVDs (atividades de vida diária), de escovar os dentes, lavar as mãos, tomar banho, ensaboar partes do corpo (nomeando), enxugar o corpo; aproveitem também, para usar pincéis e tintas no box do banheiro, deixando que a criança brinque de forma livre, que explore! Não esqueça de brincar com ela. Seja parceiro de jogo! Aproveite.
DICAS
Usar figuras das atividades que vai fazer com seu filho e conversar com ele ANTES de iniciar, mostrando a figura e antecipando o evento! Isso ajuda a criança a entender o que está por vir e a si organizar melhor! Montar uma agenda visual para seu filho, com figuras das atividades da rotina nesse período de quarentena, para que, da mesma forma, a criança seja orientada dos eventos que estão por vir, a partir da visualização da figura e sua narrativa sobre o que irão fazer!
Fono com Amor: uma trajetória de persistência e dedicação
22.06.2021
Dra Tatianna Wanderley
Por João Pedrosa
Você já se perguntou como deve ser desafiador precisar convencer os outros sobre a importância da sua profissão? Ouvir perguntas como “para que serve o que você estudou na faculdade?” ou afirmações como “seu trabalho não é necessário aqui”? Os primeiros passos de todo o caminho que permitiu o surgimento da Fono com Amor foram assim: árduos. Estamos falando do início dos anos 2000, de João Pessoa, da Paraíba. Um tempo no qual pouco se ouvia falar de fonoaudiólogos e que não se sabia exatamente o que faziam, onde trabalhavam e quais os benefícios que as terapias ofereciam aos pacientes.
Foi neste contexto que Tatianna Wanderley, hoje proprietária e diretora clínica da Fono com Amor, se formou na primeira turma de fonoaudiologia da Paraíba, em 2001. Na época, elaborava projetos que explicavam, passo a passo, para que servia a sua profissão e porque as instituições deveriam contratá-la. “Quando me formei havia apenas 14 fonoaudiólogos em toda a Paraíba”, recordou.
Dessa forma insistente, iniciou a sua trilha do sucesso e encontrou junto às pessoas com deficiência uma realidade que fazia seu coração pulsar da forma alegre e amorosa. Aos mais próximos, a identificação com esses pacientes não parecia uma novidade já que seu pai, dentista aposentado, também dedicou parte de sua vida a cuidar de pacientes com síndrome de down, transtorno do espectro do autismo e deficiências físicas e intelectuais. “Tinha um consultório particular e era muito comum meus filhos irem para lá depois das aulas. Fazia parte da rotina deles conhecer as pessoas e as famílias das pessoas com deficiência. Esta relação dos meus filhos com este universo sempre foi construída com muita naturalidade, como deve e precisa ser”, disse João Wanderley, pai da fonoaudióloga.
Apesar da Tatianna ter começado a atuar na fonoaudiologia logo após se formar e, dai por diante, nunca ter parado, sempre se dedicou ao aperfeiçoamento através dos estudos. Por vários anos esteve como fonoaudióloga na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), em João Pessoa, e atuado em escolas e clínicas. Contudo em sua mente a dedicação à fonoaudiologia permaneceu atrelada à necessidade de especializar o seu ofício. O currículo repleto de pós-graduações em áreas como linguagem e motricidade oral, além de diversas qualificações profissionais, revelam seu esforço.
Foi então que experiente e com o sonho de levar o seu trabalho para mais pessoas, resolveu dar um passo ousado: montar a sua própria clínica infantil integrada. Contou com a parceria do seu esposo, Jeferson Fonteles, que acreditou na ideia de Tatianna e, juntos, ela como diretora clínica e ele como diretor administrativo, iniciaram a construção de um sonho: a Fono com Amor.
Olhar afetuoso para o Autismo
Embora os primeiros tijolos sequer tivessem sido colocados, a missão da clínica já era clara para Tatianna e Jeferson: prestar assistência a crianças com atraso de desenvolvimento e contribuir na qualidade de vida delas e de seus familiares. “Nossa clínica está de braços abertos a todas as crianças, contudo, definimos que nosso público principal seriam as crianças que apresentam o transtorno do espectro do autismo com o intuito de oferecer tratamentos cada vez mais especializados”, esclareceu Jeferson.
Nesse sentido, a experiência da fonoaudióloga apontava que a melhor forma de atingir este objetivo seria através de um cuidado transdisciplinar. “Desde o início tudo foi estruturado para que nossa equipe já iniciasse o trabalho de forma harmônica, envolvendo os diversos profissionais que desempenham papel fundamental no processo de desenvolvimento das crianças”, explicou Tatianna.
Ambos estavam certos. Apesar de haver na cidade de João Pessoa tratamentos para crianças com autismo e apraxia da fala, um local especializado e com terapias integradas tornou-se um diferencial na capital. A primeira unidade da Fono com Amor, chamada Águia, foi inaugurada em agosto de 2018 e em pouco tempo já contava com terapias nas áreas de psicomotricidade, fonoaudiologia, nutrição, terapia ocupacional, musicoterapia, psicopedagogia, natação e psicologia. Além disso, foram implementadas na clínica a oferta de serviços terapêuticos baseados no modelo Denver de intervenção precoce, assim como terapias do modelo ABA.
Com a rota definida e sempre buscando acolher os pacientes que procuravam os serviços da clínica, a Fono com Amor não parou de crescer. Em julho de 2019 foi inaugurada a segunda unidade, a terceira em fevereiro de 2020, a quarta em outubro de 2020 e a quinta, desta vez na cidade de Campina Grande, em fevereiro de 2021. “Nossa expectativa é sermos referência em todo Nordeste no acompanhamento responsável e inclusivo de crianças com atraso de desenvolvimento, especialmente de crianças com o transtorno do espectro do autismo”, disse Jeferson.
A transformação das famílias
Para que o desenvolvimento infantil seja conduzido da melhor forma, é necessário que haja uma interação repleta de diálogo entre os profissionais que realizam as terapias, a escola da qual a criança faz parte e a família. Por meio dessa partilha torna-se possível definir percursos, identificar as principais dificuldades e desenvolver as potencialidades das pessoas com deficiência.
Roberta Serrano, mãe de uma das crianças que realiza terapias na Fono com Amor, o Gustavo, reforça como esta relação estreita contribuiu para o desenvolvimento do seu filho. “Quando iniciou, aos 2 anos, não falava nada, não fazia contato visual e era muito disperso. Depois de 4 anos de terapia estamos colhendo os frutos dessa intervenção precoce. Ele começou a conversar esse ano e melhorou muito a dicção. Já está interagindo com professores e outras crianças da escola”, disse Roberta.
Já Roseane Laurentino, mãe da paciente Maria, também enfatizou os diversos benefícios obtidos e a melhoria na qualidade de vida da sua filha. “Ao longo desta parceria, eu pude conhecer muitas Marias. A princípio uma Maria que não tinha comunicação funcional, que apresentava muitos comportamentos inadequados. Hoje convivo com uma Maria que me chama de mãe, que consegue se expressar, interagir e compartilhar informação com outras crianças. Vejo os profissionais da Fono com Amor como pontes que permitem que minha filha alcance o que ela quiser”, revelou emocionada.
Por fim, Tatianna Wanderley, diretora clínica da Fono com Amor, fez questão de esclarecer que esta relação entre profissionais e famílias, assim como o compromisso com o desenvolvimento das crianças, só é possível graças aos valores que busca reforçar. “Priorizados valores como acolhimento, envolvimento, comprometimento, estudo científico, respeito a todos, inclusão e alegria. Todos merecemos uma vida digna e de qualidade. Todos merecemos uma vida com amor”, finalizou.
Desenvolvimento Da Linguagem Infantil
27.09.2021
Dra Tatianna Wanderley
Saber sobre os marcos do desenvolvimento infantil é de extrema importância, pois é através deles que podemos avaliar o desempenho da criança, bem como ficar em alerta caso eles não sejam respeitados.
Desde o ventre, os bebês estão em desenvolvimento constante. Basta dizer que a partir do 5º mês de gestação, eles já começam a ouvir. Por isso, é tão importante conversar com o bebê ainda na barriga, pois ele passa a escutar e a interagir. O feto ouve a voz da sua mãe melhor do que a de outras pessoas, uma vez que a recebe diretamente através do corpo materno, em forma de vibrações, para captar com os seus ouvidos os sons que se produzem fora do útero.
Após o nascimento, a cada mês, o bebê evolui de forma significativa. Entre o 1º e o 3º mês de vida, ele já presta atenção aos sons e se acalma com a voz da mãe. Chora, faz alguns sons e dá gargalhadas. O bebê, ainda tão pequenino, já observa o rosto e demonstra reciprocidade, sorrindo, quando alguém fala com ele.
Entre o 4º e o 6º mês, ele procura de onde vem o som, grita e faz sons como se estivesse conversando, além de imitar a sua voz. Do 7º ao 11º mês, ele encontra de qual lado vem o som, aumenta o repertório de sons, repete palavras, já bate palmas, aponta o que deseja e dá “tchau”.
O bebê se desenvolve de forma exponencial, maximizando, mês a mês, suas habilidades e capacidades. Aos 12 meses, ele começa a falar as primeiras palavras, além de imitar a ação de outra pessoa. Ou seja, ele passa a adquirir habilidades que lhes dão pré-requisitos para iniciar o desenvolvimento mais complexo da fala.
Quando ele completa 1 ano e 6 meses (18 meses), já consegue pedir as coisas usando uma palavra (ex: Dá!), além de apresentar um repertório de pelo menos 20 palavras. E, aos 2 anos (24 meses), ocorre o “boom” na comunicação através das fala, pois o bebê já se torna capaz de falar em média 200 palavras e de dizer frases curtas com 2 palavras.
A partir daí, a criança aos 3 anos consegue compreender ordens, conhece cores, partes do corpo, animais e outras categorias semânticas. Apesar de já falar frases, pode conjugar verbos de forma errada.
Aos 4 anos ela já cria estórias e passa a compreender regras de jogos simples. E aos 6, é capaz de aprender a ler e a escrever.
Como visto, observamos que o desenvolvimento infantil se dá desde o momento da concepção e, após o nascimento, o bebê segue padrões que vão se aprimorando, mês a mês, com o surgimento de habilidades cada vez mais elaboradas.
É importante observar se o seu bebê vem se desenvolvendo de forma satisfatória, quando comparado aos marcos. Caso ele revele alguma alteração ou atraso, é importante que um fonoaudiólogo seja procurado o mais breve possível, no intuito de avaliar a criança e buscar as causas. Iniciando, se necessário, terapia de estimulação precoce.